Alguns autores não precisam de muito para conquistar leitores que apreciam suas palavras e sua forma de contar uma história. Eles são capazes de encantar por uma frase romântica, engraçada ou apenas reflexiva. Seus livros podem ser simples, mas é justamente essa simplicidade que mostra a capacidade de criar uma ótima e encantadora história. O entrevistado de junho conseguiu isso com sua estreia no mundo literário, que se deu com o livro O Mundo de Vidro (Resenha). Mas ele foi além. Novos leitores conheceram sua obra e estavam ao seu lado quando lançou, em 2011, Ainda Não Te Disse Nada (Resenha). Duas comédias românticas que faz o leitor devorar as páginas de um livro. Agora ele se prepara para lançar O Rosto que Precede o Sonho (Skoob) terceiro livro e que promete continuar surpreendendo e conquistando mais e mais admiradores. Tudo isso de forma independente. Além de escritor, Maurício Gomyde é músico e estamos De Olho Nele:
Maurício Gomyde no 1º evento da Turnê Literária - Fonte: Facebook

Over Shock - Olá, Maurício Gomyde, gostaria de dizer que é um prazer ter a oportunidade de entrevistá-lo, afinal, seu trabalho surpreendeu em 2011 e aposto todas as fichas de que você continuará surpreendendo e conquistando cada vez mais leitores. Para começar, conte um pouco para os nossos leitores quem é o escritor e músico Maurício Gomyde.
Maurício Gomyde - Eu que te agradeço pela oportunidade e palavras, Ricardo. Os espaços que vocês, blogueiros de literatura, oferecem a nós é valiosíssimo, e é mesmo um prazer fazer parte deste universo literário.
Bom, sobre mim... Eu sou um cara normal, que acredita que a vida é boa demais pra ser desperdiçada. Por isso, gosto de conhecer muito sobre diversos assuntos, gosto de contar o que vivo e o que teria vontade de viver. Acho que passar isso por meio da música e da literatura é gratificante e tem me feito muito feliz.

Over Shock - Maurício, em que momento da sua vida você teve sua primeira experiência literária, e que o motivou a escrever O Mundo de Vidro?
Maurício - Eu tive uma influência muito grande de dentro da família. Acredito demais no exemplo que vem de dentro. Meus pais sempre leram muito, e isso era um motivador em casa. Também frequentei uma escola que obrigava os alunos a lerem e a escreverem muito. Não deixa de ser um exercício, de qualquer forma. O Mundo de Vidro surgiu meio que por acaso. Nunca tinha pensado em ser escritor, e um dia acordei com a ideia de contar uma história. Achava que ficaria apenas naquele nível “1” (uma redação, nada mais...rs). Mas gostei da história, ela cresceu e... cá estou! rs

Over Shock - Você é um autor independente e isso deve causar maiores dificuldades do que os autores brasileiros já costumam enfrentar. Quais os pontos positivos e negativos de ser um autor independente?
Maurício - Ser um escritor independente é uma alternativa interessante. Tem, como você mesmo diz, pontos positivos e negativos. Os negativos, claro, ficam por conta da distribuição. Mas há como minimizar um pouco isso com a internet, que é uma “grande vitrine e uma enorme loja” disponível a todos. O ponto positivo é o da liberdade de criação e ação. Gosto muito disso. Vou pra onde o vento apontar. rs

Over Shock - Divulgar sua obra de forma independente foi uma questão de escolha? Você pretende continuar trabalhando dessa forma?
Maurício - Sim, por enquanto é uma escolha. Acho que há ainda muito espaço para trabalhar minhas histórias de forma independente. Tenho tido boas experiências e, o que é mais importante, estou feliz com a quantidade de amigos que tenho feito.

Over Shock - Além de escritor, você também é músico e inclusive tem algumas canções na grande rede. O que você pode contar sobre seu trabalho musical?
Maurício - Eu sou baterista e faço vocais em uma banda de rock. Adoro! E tenho um trabalho como compositor, também. Acho que é outra forma de dar vazão a muitas ideias criativas que aparecem. A cada dia mais tem-se tornado um hobby muito gostoso. A música tá no sangue, e não pretendo abandoná-la. Faz bem pro espírito, sempre.

Over Shock - E qual é a relação da música no seu dia-a-dia como escritor?
Maurício - No meu caso, encaro como atividades complementares. Coloco muita música nos livros, e a literatura me ajuda no processo de composição. Não consigo escrever sem a trilha sonora. Conforme vou escrevendo, as canções vão tocando. Acho inspirador.

“- Bom, vamos brindar as nossas novas condições. Eu estou no ponto, o pai da Thaís fez direito e pintou um clima pra Fran. Desce mais seis tequilas! (Ainda Não Te Disse Nada – pág. 53)”.

Over Shock - De onde surgiu a ideia para escrever O Mundo de Vidro? E para escrever Ainda Não Te Disse Nada?
Maurício - O Mundo de Vidro começou com os e-mails que “ela” recebe. A princípio, seriam apenas os e-mails mesmo. Mas daí percebi que poderia dar uma boa história. Acho que eu falo muito de mim ali. Eu sempre fui como “ele”, meio sem noção. rsrs Por outro lado, o “Ainda não te disse nada” foi mais pensado, mais estruturado. Bolei a história antes, construí as personagens do zero. São dois modos diferentes de fazer, e acho que o resultado fica bom em ambos.

Over Shock - O editor James McSill teve participação na publicação de Ainda Não Te Disse Nada. Como aconteceu essa parceria e quais são as experiências que irão te ajudar em sua carreira?
Maurício - O James McSill é um super editor e consultor. Ele entende muito do riscado e o trabalho com ele é o de “profissionalizar” a arte de escrever. A aplicação de técnicas de construção de personagens, de cenas e sequelas, da dinâmica mesmo da história, são todos fundamentais para uma escrita fluida e certeira. Aprendi um pouco, mas sei que ainda tenho muito a aprender.

Over Shock - Seu terceiro livro, O Rosto que Precede o Sonho, tem como tema principal a música. De que forma sua relação com a música o inspirou para escrever este livro?
Maurício - Eu sempre fui um apaixonado pela música no cinema. Na verdade, o foco, ali, é a das trilhas sonoras do cinema. Adoro as comédias românticas do cinema, então quis fazer uma que passeasse por este universo.

Over Shock - E o que nós, leitores, podemos esperar do livro O Rosto que Precede o Sonho?
Maurício - Eu tento manter o estilo de escrita, mas com histórias diferentes. Acho que ficou uma bela história de amor, como os dois primeiros, mas investi nos cenários, na trilha, nos diálogos. O livro tem muitos diálogos, e acho que a turma vai gostar. Espero! Rs

“Todo o romantismo que Marina sempre procurou, encontrou nas palavras de um homem que escreveu sem saber o tanto que ela era linda. Que talvez nem se importasse com isso. (Ainda Não Te Disse Nada – pág. 213)”.

Over Shock - As comédias românticas, por mais divertidas que sejam, muitas vezes possuem clichês, que neste caso não são um problema. Já seus livros, que segue esse gênero, são totalmente inovadores e com uma leveza cativante. Para você, qual é a fórmula para o sucesso de histórias como as contadas em seus livros?
Maurício - Então, as comédias românticas têm aquela fórmula do “encontro, desencontro, reencontro”. Não acho ruim que seja assim, pois faz parte do gênero desde que o mundo é mundo... rs. Mas você tem razão. Acho que devemos tentar deixar o livro leve. Eu procuro mesclar bem as duas vertentes, que são a “comédia” e o “romântica”. Todo leitor quer se divertir com um livro. Acredito que o momento em que você para tudo e deita pra ler um livro, tudo o que quer é um momento de prazer. Procuro dar isso ao leitor. Quero que ele se divirta, que saia leve com a leitura. Se eu conseguir um pouco disso, então atingirei meu objetivo.

Over Shock - A capa de seus livros é feita pelo designer Pedro Porto. Qual é a sua participação na elaboração dessas capas, que são sempre muito bem trabalhadas?
Maurício - Ele mora em Vitória, e eu em Brasília. Então, fazemos tudo via Skype e e-mail. Eu conto mais ou menos como é a história e quais são os elementos preponderantes. Por exemplo, no “O rosto que precede o sonho”, eu falei. Bom, o livro tem barco, borboleta, música, céu, rosto, estrelas, etc. Daí ele bola uma série de ideias, manda e a gente vai refinando. Fazer com irmão é bom por isso. Acesso direto! rs Acho ele muito bom no que faz.

Over Shock - Já existem novas histórias que poderão ser publicadas no futuro? O que você pode nos adiantar sobre isso?
Maurício - Sim, claro. Não pretendo parar de escrever. Assim que mandar o “O rosto que precede o sonho” pra gráfica, já começo o novo livro. Estou cheio de ideias e não quero deixar escapar.

Over Shock - Você faz parte de grupos como a República dos Escritores e a Turnê Literária. Como você vê a importante de grupos como esse para autores iniciantes e/ou independentes?
Maurício - Acho muito legal tudo isso. Todo mundo procura seu lugar ao sol. E o sol é enorme! Ou seja, há espaço para todos. Quando as pessoas se perceberem como aliados, e não como concorrentes, tudo sempre estará perto de ficar perfeito. Como diriam: “um mais um é sempre muito mais do que dois”.

Over Shock - Jogo Rápido:
O Mundo de Vidro: meu xodó.
Ainda Não Te Disse Nada: “ei, eu virei escritor mesmo!”
O Rosto que Precede o Sonho: Fala de tudo o que eu gosto.
Ele e Ela: Meus personagens favoritos, em todos os meus livros.
Marina: É o nome da minha filha, e quero que ela tenha a determinação da Marina Albertini (do “Ainda não te disse nada”).
Família: O lugar pra onde sempre volto no final do dia, feliz demais.
Música: Sem ela o mundo seria uma chatice.
Futebol: Meu glorioso Tricolor Paulista.
Literatura: Uma descoberta a cada dia.
Blogs Literários: Sem eles, nada disso aqui seria possível.
Uma música: “Nada é maior que o amor” – Alma Djem.
Um sonho: Não acordar nunca da vida que levo.
Um ídolo: Gandhi.
Uma frase: “Não faça aos outros aquilo que você não gostaria que fizessem com você”

Over Shock - Maurício, espero que você tenha gostado de responder nossas perguntas e deixo aqui espaço para você fazer suas considerações finais. Aproveito para desejar muito sucesso e deixar meu eterno apoio.
Maurício – Obrigado demais a você, Ricardo, e a toda a equipe do Over Shock. Agradeço imensamente pelo espaço e espero que eu consiga corresponder sempre com boas histórias. Aproveito para deixar meu site, que é o www.mauriciogomyde.com. Espero todos lá. Abração.

“O pôr-do-sol era a cara dela chegando; os raios da lua cheia lembravam seu olhar; a neve branca sua boca; a multidão seu corpo; os quadros nos museus sua voz; os pombos nas praças suas palavras. (O Mundo de Vidro – pág. 214)”.