O Diário Serial, Igor Castro, 1ª edição, Içara-SC: Dracaena, 2012, 224 páginas.

Formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina, o autor Igor Castro nasceu no Rio de Janeiro em 1984 e mora atualmente em Ponta Grossa. Fã de autores como Stephen King e Dan Brown, Igor estreia no mundo literário com o thriller O Diário Serial, que mostra as atitudes do primeiro serial killer em terras florianopolitanas.
Um crânio e a certeza de que um serial killer está solto, querendo que algumas pessoas paguem por atitudes do passado. Ele está disposto a fazer o que for necessário para atingir esse objetivo e começa enviando alguns objetos para a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (DEIC), o que instiga os policiais Rodrigo e Gomes a desvendar o mistério. Logo acontece a primeira morte e os policiais trabalham para desvendar os mistérios e evitar os futuros assassinatos, que pode colocar em risco as visitas comuns no final de ano em Florianópolis.
Os fãs de um bom thriller podem pegar O Diário Serial sem medo de não encontrar aquilo que se espera de uma história como essa. Como todos os livros do gênero, a escrita é em ritmo acelerado e sempre prezando a riqueza de detalhes, principalmente, neste caso, quando o serial killer está em ação. Por se tratar de um livro curto e escrito tão bem, a leitura poderá ser feita em poucas horas, mais um detalhe que engrandece a obra.

“A vingança deve continuar. O trabalho está sendo feito de uma forma magistral, poética, completa, e não pode ser interrompido. A mão esquerda do Diabo deve prosseguir. (pág. 86)”.

Dividido em seis partes (Introdução; O Padre; O Valente; A Professora; O Médico; A Última Vítima), o livro é narrado, em grande parte, em terceira pessoa, com exceção do início de cada parte. O início fica responsável por mostrar ao leitor o diário do personagem que tem assombrado a capital catarinense, assim como o próprio título sugere. Nesse diário encontramos os ideais e um pouco sobre o que o levou a cometer seus crimes, mostrando também a mente de um psicopata.
O ponto forte de O Diário Serial está na forma como o autor construiu a história de cada uma das vítimas. O passado de todas elas possui algum detalhe que deve ser vingado, ou seja, devido a esse passado, a futura vítima deve pagar. Já que ninguém faria nada, o assassino resolve agir e a vingança será feita com sangue. Em nenhum momento a história das vítimas possui algum ponto cego e no final percebemos que nem tudo foi em vão – pelo menos na cabeça do grande protagonista, ou seria antagonista?
Não apenas as vítimas têm suas histórias bem amarradas pelo autor. O próprio assassino vai ganhando espaço com o passar das páginas, o que deveria realmente acontecer. Os distúrbios existentes na mente de um psicopata são bem trabalhados e não existe um só momento em que estranhamos a atitude do personagem, o que mostra o preparo do autor quanto a isso.
O grande – e único – problema está em relação aos dois personagens que ficam responsáveis em descobrir e acalmar a população. Ainda que suas personalidades sejam bem definidas, senti falta de um pouco da história de Rodrigo e Gomes. Em determinados momentos conhecemos o passado de ambos, mas, mesmo que o livro fosse um pouco mais extenso, seriam detalhes que engradeceriam a história, pelo menos no meu ponto de vista.

“É agora. O ciclo está finalmente completo. Ou estará em breve. Apenas mais um passo e o jogo acaba. Game over. E só uma pessoa poderá sair vencedora dessa batalha: eu. (pág. 168)”.

Para quem, assim como eu, não conhece a capital catarinense, esse é um bom livro para ficar por dentro de lugares que encantam os visitantes que passam por Florianópolis anualmente. A descrição de todos os lugares é capaz de deixar o leitor que não conhece bem familiarizado e os que conhecem imaginarem com maior riqueza de detalhes tudo o que está acontecendo. Só um morador, ou um apaixonado pela cidade, teria capacidade de descrever tão bem a capital catarinense.
A editora Dracaena, que já há algum tempo tem se destacado pelo trabalho de revisão e diagramação, dá um novo show e mostra porque tem crescido no mercado editorial, principalmente quando se trata de autores nacionais. Outro grande destaque da obra é César Oliveira, que elaborou as capas de Porque Eu Amei (Resenha) e O Chamado Selvagem (Resenha), e fez mais um excepcional trabalho – talvez o melhor entre os três em questão. A capa não só tem grande relação com a história, como também é ainda mais bela no próprio exemplar, o que certamente deve chamar a atenção de leitores que escolhem um livro pela capa.
Não chega a ser um livro forte para aqueles que não suportam uma grande quantidade de sangue e muitas mortes, características de livros como esse. A grande diferença em relação a outros livros é o foco principal, já que conhecemos também o lado do serial killer e não apenas do mocinho, que em sua maioria são os detetives. Igor Castro nos brinda com uma aventura por locais importantes de Florianópolis e mostra bem aquilo que existe na mente de um psicopata, sobretudo quando há o sentimento de vingança. Mais um livro que mostra a capacidade de autores nacionais em criar thrillers que podem ser comparados aos grandes gênios do estilo.
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“A plateia parecia comovida com a história de vida do monstro responsável por tudo o que viram até então. Se não sentiam pena dele, pelo menos entendiam os motivos para que um dia ele tivesse um ataque nervoso e saísse pela cidade se vingando de quem o fez mal. (pág. 210)”.