Laura e Raul chegaram no hospital e encontraram Joana entre muitas lágrimas. O casal também estava chocando e quando souberam da morte de Alice ficaram desesperados.
Em meio ao desespero o casal pediu desculpas a Joana por tudo o que tinham feito com a sobrinha.
Joana falou para os pais da viagem de Eduardo, da depressão da prima, da solidão, das cartas e do suicídio.
_ Jô, sinto muito pelo que houve, sinto-me tão mal, tão culpada que não consigo me perdoar _falou Laura _ estou muito arrependida de toda a maldade que fiz com Alice, ela era, sim, uma boa menina, o problema era eu, nuca consegui perdoar o que aconteceu entre a mãe dela e eu.
Joana olhou para a mãe e perguntou:
_ O que aconteceu entre você e a titia?
_ Raul não sabe, mas minha irmã casou-se com o pai de Alice e eu nunca a perdoei por isso, eu o amava e ela sabia disso, no entanto, casou-se com ele e o pior: morreram os dois juntos. Fiquei tão magoada Joana que não podia acreditar que agora eu jamais o veria e que ainda por cima, teria que cuidar da filha deles. O meu rancor, a minha raiva passou toda para ela, queria me vingar _ entre as lágrimas suspirou_ então me revoltei quando soube que Alice estava namorando e você não, imaginei que você passaria pelo mesmo que eu sofri.
Raul, que ate então, escutava tudo em silêncio falou:
_ Eu também estou arrependido por ter maltratado Alice, por ter ido contra o romance dela com Eduardo, gostaria tanto de voltar atrás e fazer tudo diferente! Você acha Joana que podemos fazer algo ainda?
_ Mãe, estou chocada com o que me disse, não posso acreditar nisso!_ falou Joana desesperada com a revelação_ acho que vocês fizeram o que fizeram por motivos errados. Melhor: sem motivos algum, Alice nunca teve culpa de nada.
Joana caminhou pela sala e falou chorando:
_ Eu preciso entrar em contato com o Edu, entregar a carta, mas não sei como fazer isso, não sei para onde enviá-la.
_Vou falar com o pai dele_ anunciou Raul_ tenho certeza que ele me dirá quando eu explicar a situação.
_ Faremos tudo o que for possível Joana_ falou Laura_ agora minha filha, vá descansar.
_ Mãe e pai, queria que soubessem que apesar de tudo, Alice me mandou dizer a vocês que ela não guardava mágoa.
Joana foi sentar-se numa cadeira enquanto Raul e Laura telefonavam para os pais de Eduardo.
Após os telefonemas Raul voltou e comunicou a filha:
_ Eduardo está voltando. Provavelmente chega pela noite.
_ Vamos cuidar de tudo Joana, não se preocupe minha filha _ falou Laura já com os olhos marcados pelas lágrimas.
Joana não podia imaginar como Alice tivera coragem de fazer aquilo, não conseguia aceitar a morte da prima. As duas foram criadas juntas, era como se fossem irmãs.
Nada mais podia ser feito, Joana foi para casa enquanto Laura e Raul cuidavam do velório.
Pela noite Eduardo chegou e foi direto para a casa de Joana.
Os dois se abraçaram e Eduardo disse:
_ Eu a amava Jô, embora você achasse que não, pensei que o que eu estava fazendo fosse o melhor para nós dois.
_ Na verdade Edu, as vezes o melhor não é fugir mas sim lutar _ falou Joana_ agora é tarde, ela já se foi.
_ Onde está a carta? _ perguntou Eduardo.
Joana pegou a carta e entregou a Eduardo.
Eduardo já estava com os olhos inchados de tantas lágrimas e ao pegar na carta chorou. Abriu-a e leu:
Eduardo,Meu único e grande amor.Não sei onde você está neste momento, mas você se foi para longe de mim, não me permitindo uma despedida, você me pegou desprevenida e embora na sua carta você pedisse para que eu continuasse a viver normalmente eu jamais conseguiria.Sempre escutei as pessoas dizerem que após se encontrar o amor às coisas mudavam tanto que era impossível viver sem ele, não acreditava. Hoje, entretanto, acredito e sei o quanto é verdade.Não posso, e mesmo que quisesse não conseguiria mais viver sem você.Eu te amo e essas três palavras não significam nada se comparado com o que elas expressam.Quero apenas te dizer Edu, que é você que tem meu coração e minha alma: cuida bem deles, ok? Pois eles sempre estiveram com você.Sempre irei te amar onde quer que eu esteja, pois este sentimento que humaniza as pessoas é infinito e ultrapassa tudo até mesmo a morte. Nunca duvide do meu amor por ti.Ass.: Alice.
Eduardo chorava demasiadamente:
_ Jô, a culpa é minha, eu deveria ter ficado e lutado por Alice, eu a amo tanto e isso que está acontecendo é um pesadelo para mim, queria poder abraçá-la, beijá-la e não posso mais.
Laura, Raul, Joana e Eduardo choravam e não sabiam o que fazer diante de tanta dor, tanto sofrimento. Que atitudes tomar quando não se sabe o que fazer para o mudar o que aconteceu?
A dor da morte só é sentida por aqueles que permanecem vivos.
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Autora: Camila Márcia V. Ferreira nasceu em Fortaleza (CE), atualmente reside em Bela Cruz, interior do estado, faz faculdade de Letras pela Universaidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e é a Bloggeira de Devaneios Fugazes.
Entrar em contato: E-mail: kmylla_m@hotmail.com Twitter: @camila_marcia